OLHAR EM CONSTRUÇÃO: ESCULTURAS NO MASP S.PAULO

fotografia Ronel Corsi Fev 2010

NO VÃO LIVRE DO MASP

Divulgação

Abelardo da Hora com obra de arte que leva sua assinatura e que o público pode ver no museu

Um dos idealizadores do Movimento de Cultura Popular nos anos 60 e raro expressionista pernambucano ainda em atividade, o escultor, desenhista, gravador, gravurista e ceramista Abelardo da Hora apresenta sua emblemática dedicação à temática social e ao corpo feminino em “Amor e Solidariedade”, mostra individual que o Masp, em São Paulo, abre hoje no seu Vão Livre. A exposição, que integra esculturas, gravuras, desenhos e cerâmicas, tem a cara dos dias atuais, com misturas e incoerências de elementos, como o concreto polido e o bronze. A abertura acontece hoje, às 19h30. A mostra gratuita fica aberta para visitação até dia 14 de fevereiro.

Na mostra, as voluptuosas e sensuais mulheres que compõem suas obras estão em destaque. Comoção também para o retrato das condições sub-humanas da sociedade nordestina. Com intensa característica política, o artista, que já foi militante ligado ao Partido Comunista, revela seu comprometimento com a luta social, combatendo e denunciando a injustiça por meio da arte. “O amor eu dedico às mulheres e a solidariedade ao povo”, explica o artista sobre a escolha do nome da mostra. Destaque para as peças “A Fome e o Brado”, “Aurora”, “Crianças Abandonadas”, “Enterro de Camponês”, “Menino de Mocambo” e “Sabino”. No total, as peças pesam cerca de 25 toneladas.

“Amor e Solidariedade” revela o artista de personalidade, que nunca se curvou ao modismo. O artista revela a cultura nordestina num diálogo que leva em consideração a história e a presença contemporânea da arte. As figuras esquálidas de retirantes nordestinos refletem a dor e a miséria enfrentadas por grande parte dos brasileiros daquela região e denuncia a violência cometida contra o homem ao longo dos últimos anos. A mostra também é uma retrospectiva dos seus 60 anos de carreira. Depois de São Paulo, as peças partem para João Pessoa, Recife, Caracas, Paris, Bruxelas e Buenos Aires.

Nascido em 1924, na Usina Tiúma, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, o artista fez curso Livre de Escultura na Escola de Belas Artes de Pernambuco e apresentou um projeto de lei, na década de 60, que obrigava a existência de obras de arte na cidade de Recife. Importante agitador cultural, o artista plástico teve mostras expostas em vários países da Europa e também na Mongólia, Argentina, Israel, na antiga União Soviética, China e Estados Unidos. Em Recife, suas obras são encontradas em parques, praças e na entrada de edifícios.

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